sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A chegada de uma criança a uma casa com gato

A chegada de um bebé será sempre uma surpresa para o gato

Agora vamos abordar a situação inversa. O gato já vive em casa e dentro de alguns meses a família humana vai crescer.
Já falamos nos cuidados que devem ser tomados durante a gravidez devido à toxoplasmose, mas o seu felino também precisa de se ir habituando à ideia que vai deixar de ser o centro do universo na sua casa.
Nem sempre os gatos lidam bem com isto. Eles são o centro do universo.
Lembre-se que o gato vai ser apanhado de surpresa, com a chegada de uma criaturacom cheiro estranho e sons estranhos, que de repente ganha as atenções de toda a gente em casa e que vão por o gato de lado, talvez até lhe berrem se tentar aproximar-se da criatura.
Como os gatos são animais de rotina e não lidam bem com mudanças, o objetivo é começar a adaptar o gato meses antes da criança nascer (ou chegar a casa, se for uma adoção), para não sentir uma súbita alteração e até despoletar ciumes.
O primeiro passo é ajustar a atenção que dá ao seu gato. Se passa todo o tempo e mais algum junto do seu gato, dá-lhe atenção a toda a hora ou responde ao seu mais leve miado, está na altura de reduzir gradualmente esse mimo. Não significa que passe a ignorar o pobre bichano, não. Mas deve ajustar pouco a pouco, até aos níveis que pensa que poderá manter depois da criança nascer.
O mesmo se aplica à rotina a que o seu gato está habituado: as horas das refeições, o tempo para brincadeiras, a escovagem do pêlo, etc, deve ser tudo mantido depois da criança chegar. Por isso, se pensa que não será possível manter a mesma rotina, comece alguns meses antes por ajustar aos poucos e mais uma vez o gato não sentir a diferença.
O quarto onde ficará colocado o berço do bebé também deverá começar a ser vedado algum tempo antes. Apesar de não conhecer nenhum registo de um gato que, por acidente, tenha entrado num berço e sufocado uma criança, não é recomendável o gato ter livre acesso ao berço depois do bebé nascer. Como falaremos mais à frente, todo o contacto entre animal e criança deve ser supervisionado pelos pais. Então, seguindo a mesma lógica dos pontos anteriores, é melhor ir cortando o acesso aos poucos àquela divisão em vez de cortar subitamente com a chegada da criança.
Deixe o seu gato observar, cheirar e descobrir o que é um bebé
Se tiver familiares, amigos ou vizinhos com crianças pequenas, convide-os a sua casa. Deixe que o seu gatinho curioso descubra o que é uma criança. Deixe-o observar os movimentos, ouvir os sons típicos de uma criança, ambientar-se à sua presença. Será uma boa experiência para o pequeno felino e o choque depois será menor.
Mesmo com todos estes ajustes, esteja preparado para um comportamento mais estranho do gato nas primeiras semanas. As novas tarefas que um bebé implica vão provocar desgaste e cansaço e por melhor que seja a sua capacidade de organização, há sempre rotinas que vão ser alteradas e um ambiente que levará o seu tempo a estabilizar.
Os gatos, muito sensíveis a alterações, vão sentir a diferença e vão reagir em conformidade. Eles sabem que você está stressado, mas não sabem porquê. Além disso querem muito conhecer o novo ser em casa, querem cheirá-lo, saber o que faz e o que não faz, se é amigável ou não. Tudo isto é expectável e vai refletir-se no comportamento.
Com vigilância, deixe o seu gato conhecer o bebé aos poucos. Afinal, eles vão ser bons amigos.

Os primeiros passos de uma boa amizade

A vigilância dos pais é fundamental
O primeiro passo para que tudo corra bem entre a criança e o animal é a supervisão dos pais (ou de um adulto responsável).
Não, isto merece mais destaque: a supervisão de um adulto é indispensável.
É a base de tudo. Evitar acidentes, ensinar à criança o que é um ser vivo (consoante a idade para o compreender obviamente), construir uma boa relação desde o primeiro momento.
Sem esta vigilância, a criança pode magoar o gato e até o gato mais tolerante do mundo vai defender-se perante uma dor intensa. Sem que a criança ou o gato tenham culpa, podem acabar ambos magoados.
Lembre-se que a criança não nasce a saber a diferença entre um animal e um qualquer boneco dos seus brinquedos.
São os pais que têm de ensinar a criança a brincar com o gato, que tipo de festinhas se podem fazer, ensinar a não apertá-lo, não puxar as orelhas nem o rabo ou obrigá-lo a estar ao colo, sobretudo se o gato mostrar desconforto e procurar afastar-se.
A vigilância dos pais é fundamental
Comece por gestos simples, como fazer festas ao longo do corpo do gato sempre com a mão aberta. As crianças aprendem por imitação, por isso exemplifique o que se deve fazer, como se deve mexer num gato. Se quer que o seu filho seja amoroso e cuidadoso com os animais, mostre-lhe isso mesmo, passe-lhe esse exemplo.
(E não cometa o erro de castigar o animal em frente à criança. A criança pode imitar o seu comportamento mais tarde, achando ser o correto, e castigar o animal sem motivo ou sequer compreender o significado do que está a fazer).
Lembre-se também que as crianças conseguem ser bastante imaginativas: da mesma forma que maltratam brinquedos, podem tentar atirar o gato ao ar (sobretudo se for um gatinho pequeno), pela janela fora, metê-lo dentro de algum saco ou até da máquina de lavar.
Não é exagero.
Os pais também devem estar atentos a certos sinais que os gatos manifestam quando se sentem desconfortáveis ou ameaçados. Esteja atento a um miar consecutivo, ao esticar das unhas (um gato confortável costuma ter as unhas retraídas) ou o tentar sair do local. Num caso mais grave o gato pode eriçar o pêlo ou rosnar, mas geralmente isso só acontece quando os outros sinais foram todos ignorados.
Nestes casos, a interação entre a criança e o gato deve ser interrompida. Aproveite o momento para ensinar algo à criança. O gato quis ir embora? Faça ver à criança que isso é normal (porque é) e que deve deixar o gato ir (porque deve). “O gatinho quer estar sozinho agora, vamos fazer outras coisas!”
Com esta supervisão e sem que ocorram acidentes, a experiência vai ser muito positiva quer para a criança, quer para o gato. Vão gostar um do outro e associar-se mutuamente a algo de bom, seja uma festinha de um lado ou uma turrinha do outro. Este é um bom início de uma relação fantástica. Um valente puxão de rabo, nem por isso.
À medida que a criança cresce e ganha capacidade de aprender novos conceitos, já não precisa de se limitar a dizer que isto se pode fazer a um boneco mas não pode fazer a um animal. Já pode explicar o porquê. Explicar que o animal é um ser vivo e como nós sente dor, medo, mas também amor e carinho.
Já imaginou quantos maus-tratos de animais teriam sido evitados se todas as pessoas tivessem esta experiência e aprendizagem em pequenos? Dá que pensar, mas são outros assuntos.

A responsabilidade dos pais

Um gato não deve ser responsabilidade de uma criança

Quase todas as crianças, a partir de uma certa idade e que ainda não tenham animais de estimação, sonham em ter um. Para persuadir melhor os pais, comprometem-se a cuidar e responsabilizar-se integralmente pelo animal.
Um animal nunca pode ser responsabilidade de uma criança.
As crianças devem ter responsabilidades de acordo com as suas idades, nada mais. E o gato (ou peixinho do aquário, ou o hamster da gaiola) não deve ser sujeito a passar fome, sede, ter falta dos cuidados mais básicos de higiene ou de saúde, porque a criança se esqueceu dele.
A adoção ou aquisição de um novo animal deve ser sempre muito bem ponderada por toda a família. Trata-se de uma responsabilidade diária que pode superar os 15 anos, uma despesa financeira que pode ser bastante elevada, um potencial problema nas férias, entre outros fatores.

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